Matrinxã
Muito conhecido na Bacia Amazônica como o Saltador de Prata da Amazônia, o Matrinxã traz a possibilidade de uma bela aventura, pois é considerado um dos peixes que proporciona a melhor pesca esportiva de que se tem notícia.
Ataca a isca com veracidade, dá saltos espetaculares e briga bastante.
Muitas espécies se juntam ao Matrinxã quanto ao seu gênero Brycon. Os mais conhecidos são a Piraputanga, Pirapitinga, Piracanjuba e a Piabanha entre outros.
A diferença entre eles está principalmente no tamanho e tonalidades de cor, mas são muito parecidos.
Origem do Nome
De origem Tupi, Matrinxã significa das nascentes, também conhecido como Jatuarana.
O nome científico, brycon, vem do grego e significa morder, roer.
Nome Científico: Brycon sp
Ordem: Characiformes
Família: Characidae
Suas Principais Características
É um peixe de água doce, com escamas, o Matrinxã possui um corpo mais alongado e comprimido.
De cor prateada, tem as nadadeiras alaranjadas e a caudal é mais escura do que as demais.
Tem uma mancha escura na região umeral.
Dentes forte, pontiagudos, estão distribuídos em várias fileiras no maxilar superior. Sua mordedura é forte, cortante e triturante, mas a sua boca é pequena.
Muitas pessoas o chamam de lambari grande, pois é bastante semelhante, com exceção do tamanho que não tem nem comparação.
O Matrinxã produz um muco que o deixa mais liso, viscoso.
Pode medir até 70 cm e o peso, pode atingir os 5 Kg.
Onde Podemos Encontrar
É encontrado em toda Bacia Amazônica e Araguaia-Tocantins.
Mas outras espécies são encontradas por quase todo norte do país.
Hábitos do Matrinxã
Costuma ficar em rios de águas claras e lagos, preferindo ambiente onde existam estruturas submersas como pedaços de pau, madeira, barco afundado; pois assim pode espreitar suas presas.
O Matrinxã também prefere ambientes com vegetação tanto submersa como às margens do rio.
É fácil localizá-los em corredeiras e remansos.
Sua Alimentação
É onívoro. No período de cheia costuma comer frutos, flores, sementes e artrópodes.
É comum observar Matrinxãs se alimentando de frutas que caem das árvores próximas às margens do rio.
Acompanhe aqui neste vídeo Matrinxãs fazendo a festa e comendo banana d’água.
Em função desta alimentação, o Matrinxã é classificado como importante dispersor de sementes, contribuindo muito para a manutenção das matas ciliares, várzeas e igapós.
Quando vem o período da seca, come pequenos peixes e até pratica o canibalismo; além de se alimentar também de outros animais como insetos, caranguejos e caramujos.
Eventualmente pode atacar peixes de sua espécie ou mordiscar outros peixes mais lentos ou que pareçam vulneráveis.
Reprodução e Acasalamento
Realiza migrações reprodutivas (Piracema) para sua desova total, que acontece principalmente nos meses de Outubro à Fevereiro.
É uma migração longa rio acima e a eclosão das larvas vai acontecer 17 horas após a fertilização.
Com 36 horas de vida livre, os alevinos se alimentam inclusive de outros recém-nascidos no ambiente.
Não existe cuidado parental e as primeiras horas de vida do Matrinxã é uma grande prova, pois os que nascem primeiro tendem a se alimentar dos que nascem depois, os menores.
Os juvenis e adultos são facilmente encontrados em quase todos os rios de águas mais claras, de um tom de chá e atrás de obstáculos submersos como pedras, vegetações, galhos ou troncos.
O Matrinxã vive, em média, 10 anos.
Vamos à Pesca!
A melhor época para sua pesca é durante a seca; pois assim ficam mais vulneráveis.
Na época da cheia, as Matrinxãs costumam se esconder embaixo das galhadas, pedras e vegetações em geral tornando impossível o arremesso.
Corredeiras e remansos também são bons locais para iscar seu Matrinxã.
Uma dica importante: silêncio! Ele pode se assustar facilmente e se esconder.
Este peixe é considerado hoje, um dos peixes mais esportivos de águas do interior do país.
Ele faz ataques espetaculares às iscas artificiais junto com corridas fortes e saltos sensacionais.
Veja abaixo um pequeno exemplo dos belos saltos do Matrinxã.
O equipamento pode ser de resistência média/pesada, com vara que comporte linhas multifilamento de 10 a 20 Lbs, anzóis número 2 até o 6.
Carretilha e molinete têm de caber 100 metros de linha de 0,35 mm de diâmetro.
Iscas
As iscas naturais podem ser de lambari, minhocas, milho, queijo, frutos, sementes, flores, coração, fígado de boi em tirinhas.
As iscas melhores nesta pescaria são plugs pequenos de superfície, meia água e spinners.
Uma boa técnica é arremessar a isca perto das estruturas que ficam embaixo da água ou na parte da água que ficam embaixo de árvores frutíferas.
Trabalhe os plugs com toques pequenos para assim, atiçar a curiosidade e o ataque.
Os spinners devem ser recolhidos uma maneira contínua, nem muito rápido e nem muito lento.
Linhas mais finas aumentam a emoção da pescaria.
Mas sempre tome cuidado, pois como o Matrinxã costuma saltar, a isca pode se soltar e ir em direção ao pescador. Cuidado com acidentes!
Se você conseguir fazer com que a isca caia na água de um modo parecido como frutas e sementes caem na água, já é meio caminho andado para uma pescaria de sucesso.
O uso de empates curtos de aço pode ajudar caso existam cardumes de Matrinxã.
Como sua mandíbula é frágil, procure embarcar a Matrinxã com a ajuda de um passaguá ou se for usar o alicate de contenção, apóie pela barriga com a palma das mãos.
Informação importante: não existe período de defeso para o Matrinxã, mas o tamanho mínimo de captura é de 30 centímetros.
Acompanhe aqui neste vídeo uma pescaria de Matrinxã no Araguaia.
Use Massa para Peixe
Se você quiser, pode preparar a massa para Matrinxã da seguinte forma:
Misture 300 gramas de farinha de mandioca crua, com 300 gramas de ração de peixe já triturada, 50 gramas de queijo ralado, 1 garrafa de pinga e um pacotinho de suco em pó sabor maracujá.
Depois de misturar tudo, colocando a pinga aos poucos(não vale desfalcar a receita,hein!) até formar uma massa; faça bolinhas do tamanho de um pão de queijo médio e coloque em um saco plástico.
Guarde na geladeira por até 2 dias.
Esta receita é infalível tanto na pescaria aberta quanto em pesqueiro.
Propriedades Nutricionais
Como a grande maioria dos peixes de água doce, o Matrinxã é muito saudável e riquíssimo em Ômega 3 e outros nutrientes que ajudam a fortalecer nossa imunidade.
Uma porção de 100 gramas de Matrinxã pode oferecer 188 Calorias, 0 Carboidrato, 11 gramas de Gordura e 20 gramas de Proteína.
Matrinxã na Culinária
A população na região Norte do país consome muito o Matrinxã, sendo este muito apreciado por todos os paladares.
Uma receita tradicionalíssima da é o Matrinxã ao Forno:
Uma outra boa pedida, é este maravilhoso Matrinxã Recheado:
E que tal inovar na hora do churrasco com esta receita simples de Matrinxã Assado na Churrasqueira:
Curiosidades
- Devido a abundância deste peixe no Amazonas, indústrias locais estudam produzir Matrinxã em conserva. Assim como sardinha ou atum, este seria enlatado e oferecido no comércio. Para isso, os espécimes utilizados seriam ainda alevinos. O processo ainda está em estudo na região;
- Existe o cultivo do Matrinxã para fins comerciais; porém o que mais dificulta esta atividade é o fato dos recém nascidos da espécie serem canibais e atacarem os outros fazendo com que a taxa de vida seja mínima. Isso faz com que o preço dos alevinos seja bem mais alto do que a média de outras espécies. Um milheiro de alevinos de Matrinxã custa em torno de R$400,00 e para se cultivar a espécie à nível comercial, é preciso, no mínimo, 20 milheiros.
O Saltador de Prata dá gosto de se ver. Sua pesca encanta tanto em rios, lagos quanto em pesqueiros.
Agora que você sabe mais sobre o Matrinxã, é mais do que a hora de sentir esta emoção bem de pertinho. Pronto?