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Conheça o peixe que é tão escuro que fica invísível no mar

Invisibilidade é algo que as pessoas sempre fantasiaram, não é atoa que vemos isso em diversos filmes. E você acreditaria se lhe dissessem que não é impossível?

Na verdade, existe na natureza e foi recentemente descoberta pela ciência.

São espécies de peixes ultranegros que têm a tática de serem imperceptíveis opticamente, de acordo com um estudo publicado no dia 16/07 na revista Current Biology.

Também conhecidos como Dragões Negros

Para evitar predadores, os peixes possuem estratégias comuns de camuflagem, como transparência e superfícies espelhadas, os polvos fazem isso muito bem!

Estes métodos são bem sucedidos em águas mais rasas, através das quais a luz solar facilmente penetra.

No entanto, nas zonas mesopelágicas e batipelágicas inferiores, que ficam de 200 metros a 4000 metros de profundidade, há pouquíssima luz solar. 

Então, nessas áreas, adaptações evolutivas como transparência e superfícies espelhadas não são tão úteis para manter afastados os predadores que estão a procura de uma refeição. 

Isso porque os peixes que usam essas estratégias de defesa refletem pelo menos 0,4% da bioluminescência de outros animais de profundidade. Bioluminescência é o que descreve a produção e emissão de luz por um organismo vivo.

Já a pigmentação é outro método para ser incógnito no mar; permite que os animais absorvam a luz de fontes bioluminescentes e, assim, tornar-se visualmente indetectável em vez de refletir essa luz fora de si mesmos. 

Ou seja, essa técnica de pigmentação não deixa que a luz mostre eles. É como se você apontasse uma lanterna para uma bola 8 da sinuca no escuro e mesmo assim não conseguisse ver ela porque continua escura.

Sim, isso é uma técnica de invisibilidade!

Pele ultranegra

Karen Osborn, uma zoóloga pesquisadora do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian, pensou em olhar mais de perto a pele de um peixe quando ela tentou fotografar peixes negros. Esses que ela e seus colegas pegaram em redes de arrasto Tucker no Golfo do México e na Baía de Monterey, Califórnia.

A luz quase não é refletida

As redes de arrasto Tucker permitem que os cientistas capturem peixes a partir do nível médio da água, onde podem ser encontrados peixes ultranegros. 

Mas não importou a qualidade e o arranjo da câmera ou da iluminação, Osborn não conseguiu captar nenhum detalhe nas filmagens.

“Não importava como você montava a câmera ou a iluminação”, disse Osborn em um comunicado de imprensa. 

“Eles sugaram toda a luz.”

E conhecendo a ineficácia das táticas de camuflagem comuns, os pesquisadores colocaram a hipótese de que a pressão para limitar a luz refletida poderia ter levado à evolução das superfícies pigmentadas do corpo com refletância quase zero em peixes ultranegros. 

A reflectância é a medida da proporção de luz que atinge uma superfície e reflecte-se dessa superfície.

Usando testes diferentes, modelagem e comparações com outros animais de sangue frio, os cientistas descobriram que esses peixes absorveram mais de 99,5% da luz que atingiu sua pele. Ou seja, eles tinham uma refletância de menos de 0,5%. Isso é realmente incrível.

Agora você não me vê mais

Para testar a coloração ultranegra dos peixes, pesquisadores coletaram 18 espécies das águas do Golfo do México e da Baía de Monterey, Califórnia, durante dois cruzeiros de pesquisa.

Eles mediram a refletância dos peixes usando uma sonda de refletância traseira, que é composta por três partes, disse Alexander Davis, um co-autor do estudo e doutorado em biologia na Universidade Duke na Carolina do Norte.

Uma fonte de luz, um detector que conta o número de fótons (partículas de luz) voltando e um cabo de fibra óptica foram as peças necessárias. 

Funciona assim: O cabo de fibra óptica recolhe a luz brilhando sobre os peixes e as envia de volta para o detector, o que permite ao cientista saber quanta luz está sendo refletida.

Maior peixe de Caverna do mundo é descoberto

Em um comprimento de onda aproximado ao da luz solar e bioluminescência no mar profundo, 16 das 18 espécies coletadas exibiram refletâncias menores que 0,5%.

Mas foram os oneirodes, um gênero de peixe conhecido como Tamboril, que teve a menor refletância medida.

A coloração dos peixes ultranegros é ainda mais escura do que alguns materiais feitos pelo homem, como o papel preto e asfalto recentemente pavimentado, disse Davis-que refletem cerca de 0,04% a 10% ou mais de luz.

Como funciona essa pele?

A estrutura subjacente que tornou possível a coloração ultranegra era fortemente coberto por melanossomas sob a pele dos peixes. 

Os melanossomas são partículas de pigmento que dão cor aos tecidos animais e ajudam a sua pele a absorver a luz em vez de a refletir.

Este processo é paralelo ao que sabemos sobre como a melanina funciona na pele humana. Na medida em que “a melanina na pele humana absorve luz, principalmente para proteger as células dos danos UV, entre outras coisas”, disse Davis.

A presa

Os peixes ultranegros podem ser tanto predadores quanto presas. Então os pesquisadores pensaram que os peixes poderiam ter enfrentado pressão para evoluir coloração escura para evitar outros predadores.

“Quando as coisas estão tão escuras como estão no mar profundo, se você refletir até mesmo um punhado de fótons que seja, algo pode detectá-lo” disse Davis.

 “E aqui, estes animais estão cobrindo todos os seus corpos nesta pele ultranegra para basicamente sugar toda a luz e combinar com a escuridão do mar profundo.”

É comparável com os animais da superfície

Uma tática ainda melhor que os que conhecemos, afinal ele já fica no escuro!

De acordo com o estudo, os achados classificam os peixes ultranegros no mesmo nível e além de alguns dos animais mais negros conhecidos. Como as borboletas ultranegras que têm uma refletância de 0,06% a 0,5%, e as aves mais escuras que mostram suas penas com 0,05% a 0,31% de refletância.

Os investigadores também descobriram que, ao reduzir a sua reflectância, os peixes ultranegros podem reduzir as suas hipóteses de serem vistos por predadores seis vezes mais do que os peixes com reflectância de 2%.

Os pesquisadores sugeriram que a biologia do peixe ultranegro poderia promover o desenvolvimento de materiais ultranegros menos caros, mas flexíveis e mais duráveis para a tecnologia óptica, incluindo câmeras e telescópios, e para camuflagem.

“Um dos principais usos de materiais ultranegros é revestir o interior de equipamentos ópticos para evitar que a luz se espalhe dentro dele”, disse Davis. 

“Desde que você possa criar uma variedade aleatória dessas nanopartículas que são altamente absorventes e o tamanho e forma certos, então você deve ser capaz de revestir qualquer coisa com ele. Então não há necessidade de criar alguma estrutura detalhada para fazê-lo funcionar.”

Com certeza é algo fascinante, ainda mais se você considerar que as profundezas do mar também são bem escuras.

Sabia que existe uma tinta ultranegra? Ela é tão escura que quando você tira uma foto em um ambiente normal parece que é uma montagem. 

Ela se chama Vantablack, veja essas fotos:

Duas esculturas iguais, mas uma é revestida com a tinta negra
Segurando um disco revestido por Vantablack , parece até montagem